sábado, 5 de abril de 2014

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MARIA RITA ESTÁ DE VOLTA AO SAMBA

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O sol já se punha entre as árvores do morro Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Mesmo assim, depois de uma maratona de três dias, a cantora Maria Rita arranja disposição para mais uma entrevista, a última do dia. “Posso só comer uma banana?”, pergunta antes de esticar uma conversa informal sobre perguntas repetidas dos jornalistas e as “más interpretações” de suas palavras. Em seguida, foi a hora de receber O POVO para falar sobre Coração a Batucar, seu novo disco. 
Sete anos depois do esfuziante Samba meu, Coração a batucar é mais uma imersão da intérprete paulistana no mundo do samba. Curiosamente, o trabalho recebeu o nome de uma música lançada no disco Elo (2011), que encerrou a história da cantora na Warner. “Eu estava com muita dificuldade de traduzir o que era esse disco. Pegava as letras, pegava frase por frase e, por mais que fosse um nome incrível, não chegava a expressar”, lembra Maria Rita, que viu no samba de Davi Moraes e Alvinho Lancellotti a solução e um possível problema com a gravadora anterior.
Esse problema foi resolvido fácil, assim como todos os outros. Afirmando sua autonomia diante da própria carreira, Maria Rita fez questão de escolher a sisuda foto da capa, como uma forma de quebrar estereótipos do mundo do samba. “Não acho que o samba tenha que ser boteco, tamborim e o pandeiro sempre. Não acho que seja só isso.” E acrescenta que está bem mais segura para mexer com um som que fala tanto sobre o Brasil. “Naquela época (do Samba meu), eu estava inserida no samba, indo a shows nas quadras, ouvindo muito samba. Tinha a gana de mostrar para os sambistas que amo o samba. Nesse, eu estou mais livre da cobrança com a certeza de que estou no meu ambiente.”
Carta de intenções
Se há sete anos a cantora viu em Arlindo Cruz um porto seguro para montar o repertório, em Coração a batucar, novos compositores entraram no seu ritmo. De Marcelinho Moreira, Fred Camacho e Leandro Fab, “Meu samba, sim, senhor” abre o disco como uma carta de intenções. “Eu vou representar com todo o meu amor, cantando por aí, levando alegria pro meu povo”, avisa na letra, em clima de samba-enredo. Já “No meio do salão”, de Everson Pessoa, Magnu Sousá e Maurílio de Oliveira, membros do Quarteto em Branco e Preto, é uma resposta ao clássico “Sem compromisso”, de Geraldo Pereira. Lançada por Almir Guineto em 1981, “Saco cheio” manda um recado para quem entrega a Deus todas as suas responsabilidades.
Se não é propriamente uma sambista, Joyce Moreno também entrou na roda do novo disco com a tocante “No mistério do Samba”. “Acham que ela fez pra mim”, comenta Maria Rita. Se for, há algum simbolismo, pois foi uma composição de Joyce (“Essa mulher”) que Maria Rita escolheu na primeira vez que cantou na TV uma música do repertório de Elis Regina (1945 – 1982). Por falar em Elis, “Mainha me ensinou” parece ter sido feita sob medida para a intérprete.
Segundo Maria Rita, esta canção tornou-se um retrato do seu momento de vida, lançando um trabalho após a turnê “Redescobrir”. O esforço de interpretar as canções de Elis acabou sendo maior que o esperado, mas foi também a hora de se livrar de alguns antigos fantasmas.
FONTE | O POVO ONLINE

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